quarta-feira, 29 de junho de 2011

A maternidade na adolescência

A maternidade na adolescência é considerada como indesejável por sua incompatibilidade com as novas demandas sociais de qualificação profissional para inserção no mercado de trabalho e, vêm sendo apontada como origem de problemas os mais diversos, embora os resultados de pesquisas sejam controversos.
A literatura mostra que adolescentes provenientes de famílias de baixa renda e baixa escolaridade, cujas mães tiveram seu primeiro filho na adolescência, correm riscos maiores de engravidar. A grande maioria de avós maternas de mães adolescentes foram também mães na adolescência.
A gravidez na adolescência pode ter como fator de risco as explicações de natureza biológica e socioculturais. Além de fatores de risco para a própria mãe, a falta de cuidados pré-natais das adolescentes, associada a pobreza e níveis baixos de instrução, tem mostrado papel preponderante na cadeia causal de recém-nascidos prematuros e de baixo peso. Provavelmente, por ser esses fatores, agentes estressores. Um estudo realizado com gestantes adultas e adolescentes indicou que gestantes adolescentes são mais estressadas do que gestantes adultas.
Alguns autores, pontuam que a gravidez na adolescência é uma condição de risco para o desenvolvimento do bebê, tal afirmação é baseada na informação de que o corpo da adolescente não está preparado para gestar um bebê, filhos de mães adolescentes em geral nascem a baixo do peso ou prematuros, entre outros fatores biológicos, psicológicos e sociais que caracterizam a gestação na adolescência como um fator de risco.
Entretanto, sabe-se hoje que o stress gestacional é um dos fatores para o nascimento prematuro, baixo peso, problemas de comportamento, déficits cognitivo entre outros, desta forma, podemos pensar que se gestantes adolescentes apresentam mais stress que gestantes adultas, estas tem também maior probabilidade de darem a luz à crianças baixo peso, prematuras, com problemas de comportamento entre outros, em decorrência do stress manifestado na gestação.
       A maternidade na adolescência é vista ainda por muitos como uma condição de risco pois: há probabilidade de terem mais filhos e, quanto mais filhos, mais próximos em idade; menos anos de educação escolar ao longo da vida; níveis mais reduzidos de sucesso profissional; salários menores na vida adulta e maior probabilidade de divórcio.
Apesar de vários estudos na área indicarem os riscos de ser mãe adolescente, outros estudos realizados mostraram que comparando a interação mãe-bebê entre mães adultas e adolescentes, as mães adolescentes oferecem mais o seio para amamentação e estimulam mais os bebês do que as mães adultas . Além disso, a maternidade na adolescência não implica em menor competência na função materna. Pesquisadores chamam a atenção para os aspectos positivos da vivência da maternidade pelas mães adolescentes. A maternidade pode ser um importante fator na sua constituição pessoal e social, trazendo interferências sobre novas formas de relacionamentos e reconhecimentos sociais e de atuação em seu cotidiano, ao contrário da visão hegemônica da sociedade e da saúde pública em geral, que considera os adolescentes como um bloco único e em conflito e a gravidez na adolescência como indesejada. Existem diferentes vivências da maternidade e, pelo menos para um grupo de jovens mães, ela pode ser uma experiência de vida plena de significados positivos.
Tanto mães adolescentes como adultas necessitam de rede de apoio social, no entanto, as adolescentes solicitam maior apoio de familiares e outras pessoas, enquanto que as adultas têm menor solicitação, assumindo maiores responsabilidades em relação ao bebê e as tarefas domésticas.
A maternidade na adolescência pode apresentar uma concepção favorável a cerca do exercício da maternagem, o que, de certa forma, pode desmistificar a ideia de que a maternidade na adolescência é sempre um “terror” na vida dessas adolescentes. Mas, apesar disso, em muitos casos as avós maternas acabavam fazendo o papel de mãe substituta do filho de sua filha adolescente, pois muitas vezes a menina não vive com o pai do bebê e sim com sua família de origem, ficando assim na maior parte dos casos os avós maternos exercendo o papel dos jovens pais.
Mães adolescentes e adultas, manifestam preocupações com a saúde do bebê e com os cuidados básicos, mas as adolescentes são mais inseguras em relação aos cuidados básicos do bebê deixando a cargo da mãe - avó do bebê - algumas tarefas do dia a dia de uma mãe, como o dar banho na criança.
Em fim a maternidade é carregada de conflitos, expectativas, anseios, seja ela na adolescência, ou na vida adulta. Estar gravida, é sempre um momento impar na vida não só das gestantes, como do casal e da família, podendo, dependendo de cada situação, ser bem ou mal recebida a notícia da gravidez.
Gestantes adultas e adolescentes, casadas e solteiras, necessitam de apoio social e familiar, não existe um grupo de risco, pois cada gravidez é única, assim como cada mulher e família. É isso que precisamos entender, só dando apoio as nossa gestantes é que poderemos ajudar numa gestação mais tranquila, com menos risco para a saúde da mulher e do bebê.

Um comentário:

  1. Schiavo, amei seu blog, pois estou muitissimo interessada em trabalhar nessa área. Sou recem formada e se você puder me ajudar lhe agradeço muito.

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